Dirigido por Paul Morrison e com roteiro de Philippa Goslett, Poucas Cinzas (Little Ashes) se passa em Madri, no ano de 1922, época em que a Espanha passava por uma grande revolução cultural provocada pelo jazz e pelas ideias de Freud. O filme retrata a amizade entre Salvador Dalí (Robert Pattinson), Federico Garcia Lorca (Javier Beltran) e do cineasta Luís Buñuel (Matthew McNulty).
Assisti na semana passada esperando encontrar um relato da vida de Dalí, mas o roteirista enfatizou o relacionamento amoroso de Dalí e Garcia Lorca durante todo o filme. A amizade com Buñuel é retratada vagamente. Eu esperava ver uma mostra do surrealismo de Dalí, queria ver como era seu processo de criação, sua genialidade e loucura, resumindo: me decepcionei.
Apesar da minha decepção, os pontos positivos do filme são vários:
- O contexto histórico-social é muito bom , podemos ter uma noção da Espanha passando pela revolução cultural. Protestos de um lado, opressão e intolerância do outro.
- O ator Javier Beltran que interpreta o escritor Garcia Lorca é o grande destaque. Senti que ele roubou a cena do Pattinson, (como o curinga rouba a cena do Batman em Batman - O Cavaleiro das Trevas) adorei a atuação!
- Robert Pattinson deixou de lado a figura do vampiro purpurinado que o perseguia. Em Poucas Cinzas ele foi extremamente corajoso ao interpretar cenas de homossexualismo e nudez. E apesar de eu não gostar muito dele, percebi que ele é um ator capaz de realizar uma boa atuação.
- Somos brindados com um pouco da poesia de Federico Garcia Lorca.
- A cena em que Dalí e Lorca se banham sob o luar é uma das mais belas que já vi.
- O assassinato de Lorca é retratado como a mídia da época divulgou.
- Trilha sonora excelente!
- Ótimo filme de temática homessexual.
Quando o filme terminou, voltei a me sentir decepcionada pois não encontrei o que procurava. Apesar de tantos pontos positivos, não encontrei o Dalí mestre do surrealismo, encontrei o Dalí tímido, retraído, que muda de uma hora para outra e faz escolhas impensadas.
Poucas Cinzas é acima de tudo, uma história de um amor que não deu certo, talvez pela discriminação que havia na época ou pela falta de coragem dos dois artistas de assumirem o relacionamento perante uma sociedade opressiva.
Ainda assim, está mais do que indicado!
5 comentários:
Nossa, faz muito tempo que não assisto a um filme do começo ao fim, muito menos um que mereça ser resenhado. Vou anotar o filme aqui, quem sabe o encontro ;)
Sobre a pergunta que fez lá no blog, depende: a Novo Conceito envia os lançamentos do mês, já a LeYa e a Companhia das Letras envia uma lista com os lançamentos e você escolhe qual quer resenhar ;)
Grande abraço.
Eu tenho assistido vários filmes nessas férias, mais de todos até agora, esse é o único que realmente mereceu uma resenha.
Já tinha imaginado que você não escolhia os da Novo Conceito. Acho que já li todos os seus posts e às vezes penso que seu estilo de leitura é outro e que se você pudesse escolher, talvez escolhesse outros títulos. Mas parceria é isso mesmo, uma troca. E eu que nem tenho parceiros =( Rsrsrsrs!
Obrigada pela visita!
Quero muito ver esse filme! Mas tem taaantos na lista, vou ver se assito assim que desafogar um pouco os que estão na espera aqui. :)
Assisti o trailer desse filme faz um tempinho, fiquei bastante interessada. Pena saber que não foca muito no surrealismo e que o Buñuel fica meio de fora, mas deve ser um bom filme. :)
bjs!
Também estou cheia de filmes na lista Raíssa, um deles tem até lista no nome: A Lista de Schindler.
Rs...!
Assista Poucas Cinzas quando puder, apesar de tudo é um ótimo filme.
Obrigada pela visita!
Realmente faltou o Dalí, mestre do Surrealismo, embora o filme aborda-o ainda jovem. É um filme sensível.
Postar um comentário