quinta-feira, 27 de junho de 2013

Divergente, Veronica Roth



Sinopse: Numa Chicago futurista, a sociedade se divide em cinco facções – Abnegação, Amizade, Audácia, Franqueza e Erudição – e não pertencer a nenhuma facção é como ser invisível. Beatrice cresceu na Abnegação, mas o teste de aptidão por que passam todos os jovens aos 16 anos, numa grande cerimônia de iniciação que determina a que grupo querem se unir para passar o resto de suas vidas, revela que ela é, na verdade, uma divergente, não respondendo às simulações conforme o previsto.
A jovem deve então decidir entre ficar com sua família ou ser quem ela realmente é.
E acaba fazendo uma escolha que surpreende a todos, inclusive a ela mesma, e que terá desdobramentos sobre sua vida, seu coração e até mesmo sobre a sociedade supostamente ideal em que vive.

Divergente é um livro muito interessante. Mesmo entre os clichês inevitáveis das distopias YA da atualidade, a obra de Veronica Roth consegue ser diferente. Disseram-me que não é bem assim, que Divergente é muito parecido com Jogos Vorazes, mas, não sei dizer, ainda não li os livros de Suzanne Collins.

Me entreti muito durante a leitura, é um tipo de trama que prende a atenção, contagia. Tris, a protagonista não é fraca, medrosa e cheia de aflições adolescentes, pelo contrário, é corajosa, destemida, humana, tem bom senso e não cai no ridículo. É uma divergente, apresenta um tipo raro de personalidade: apresenta aptidão para mais de uma facção, enquanto a maioria da população se enquadra em apenas uma.

 Uma das coisas que mais gostei durante a leitura, foi a ideia de opressão da sociedade que Roth utilizou.

“Há décadas, nossos antepassados perceberam que a culpa por um mundo em guerra não poderia ser atribuída à ideologia política, à crença religiosa, à raça ou ao nacionalismo. Eles concluíram, no entanto, que a culpa estava na personalidade humana, na inclinação humana para o mal, seja qual for a sua forma. Dividiram-se em facções que procuravam erradicar essas qualidades que acreditavam ser responsáveis pela desordem no mundo.” Pág. 48

“Os que culpavam a agressividade formaram a Amizade. Os que culpavam a ignorância se tornaram a Erudição. Os que culpavam a duplicidade fundaram a Franqueza. Os que culpavam o egoísmo formaram a Abnegação. E os que culpavam a covardia formaram a Audácia.” Pág. 48-49

Percebam o diferencial dessa distopia: uma sociedade cujos valores se baseiam na diferença e semelhança entre a personalidade humana. Grupos foram divididos com base nessas semelhanças e diferenças, pois  acreditavam que esses fatores resultavam na desordem. Gostei, gostei bastante!

Os personagens também são diferenciados, apesar da presença típica do mocinho (que arrebata o coração da mocinha) e do vilão (que quer matar a mocinha). É gratificante, para o leitor, o fato de Veronica ser uma escritora iniciante e conseguir expressar essas múltiplas personalidades tão bem nos personagens. Os personagens da Audácia, mesmo pertencendo à mesma facção, não possuem a mesma personalidade, um é mais arrogante, outro presunçoso, outro corajoso e outros que diante de tanta demonstração de coragem se mostram covardes. Cada um é único e repleto de facetas, acredito que no fundo, todos são divergentes.

A narrativa é simples e rápida, repleta de ações, conspirações e tem uma pitada de romance. Apesar disso,  é um pouco fragmentada. Percebe-se que Veronica Roth é uma escritora iniciante, que ainda está aprendendo a utilizar estilística e recursos narrativos, mas, isso não é empecilho. A tradução é ótima e o livro foi bem revisado, a leitura flui tranquilamente. O final é instigante e deixa curiosidade de sobra para o próximo livro da trilogia: Insurgente.

 Gostei muito e indico sem pensar duas vezes. Pare o que está fazendo e vá ler Divergente.


Nota: 4 ( de 0 a 5 - sendo: 0-péssimo, 1-ruim, 2-regular, 3-bom, 4-muito bom e 5-excelente).


PS: Já li o segundo livro da trilogia e farei a resenha em breve.

Nenhum comentário: