quinta-feira, 7 de junho de 2012

Leituras Mitológicas: O Universo, os deuses, os homens


Jean-Pierre Vernant nasceu na França em 1914. Graduou-se em Filosofia e foi dirigente da Resistência durante a 2ª Guerra Mundial. É um estudioso da mitologia grega há cinquenta anos e publicou mais de quinze livros sobre o assunto.

Mas, o que é um mito grego? O que é mitologia? Segundo Vernant (O Universo, os deuses, os homens, 2010, p. 10) um mito grego é um relato, só precisamos saber como esse relato se originou, se constituiu, se estabeleceu, se transmitiu e se conservou. O autor também afirma que mito e mitologia são palavras ligadas à história e aos traços da civilização. Assim, o mito se apresenta como um relato vindo do fim dos tempos que já existia quando foi contado, além disso, é importante lembrar que os mitos gregos chegaram até nós por estarem sob a forma de textos escritos, os quais pertencem a obras literárias diversas, tais como epopeias, poesias e tragédias e que apenas se mantém vivos até  por serem transmitidos de geração em geração. A mitologia, em uma abordagem simplificada é o estudo desses mitos.

O Universo, os deuses, os homens (Companhia das Letras, R$ 46,50) foi a ideia inicial de Jean-Pierre Vernant de reunir as histórias mitológicas que contava ao seu neto para fazê-lo dormir. No livro, o autor reconta vários mitos gregos, explicando seus significados extrínsecos e ao mesmo tempo,  analisando o ser humano.

O livro é dividido em oito partes: A origem do universo, Guerra dos deuses, reinado de Zeus, O mundo dos humanos, A guerra de Troia, Ulisses ou a aventura humana, Dioniso em Tebas, Édipo, o inoportuno e Perseu, a morte, a imagem.

É uma boa opção de leitura para aqueles que querem conhecer ou até mesmo relembrar os principais mitos gregos.

Agora, um trecho para despertar a curiosidade:

Prometeu é castigado por onde pecou. Quis oferecer aos mortais a carne, e especialmente o fígado, que representou uma víscera de grande valor no animal sacrificado, pois é nesse órgão que se pode ler se os deuses aceitam o sacrifício feito. Agora, por intermédio de seu fígado, Prometeu se torna alimento predileto da águia de Zeus. Essa águia é o símbolo do raio divino, é o porta-fogo de Zeus, fulminante. De certa forma, o fogo roubado pelo Titã reaparece em seu fígado, onde se delicia num festim sempre renovado.
[...] Prometeu é uma criatura ambígua, seu lugar no mundo divino não é claro. A história desse fígado, que é devorado todo dia e que de noite se reconstitui e torna a ser igual a si mesmo, mostra que há pelo menos três tipos de tempo e vitalidade. Há o tempo dos deuses, a eternidade em que nada acontece, tudo já está lá, nada desaparece. Há o tempo dos homens, que é linear, sempre no mesmo sentido, pois o homem nasce, cresce, é adulto, envelhece e morre. [...] Há, por fim, um terceiro tempo, apresentado pelo episódio do fígado de Prometeu. É um temo circular ou em ziguezague. Indica uma existência semelhante à da lua, por exemplo, que cresce, morre e renasce, indefinidamente.
                                                      (2010, p. 76 e 77)

Até a próxima!


quarta-feira, 6 de junho de 2012

Adeus, Ray Bradbury...


Estou em choque, no meio da aula de Literatura Brasileira, tirando palavras não sei de onde para comunicar o falecimento de um dos meus escritores preferidos, Ray Bradbury.
Soube há pouco de sua morte, através de outro blog sobre literatura, O Batom de Clarice.

Bradbury me inspirou muito, fez parte da minha adolescência e a partir de sua obra, tive certeza que faria meu TCC sobre Ficção Científica. Ainda estou muito emocionada para escrever mais e receio que se o fizer, meus colegas de classe irão me ver chorando.

O que me consola é saber que bons escritores nunca morrem, permanecem vivos através de suas obras ao longo dos anos, encantando gerações e conquistando uma legião de leitores.

Por hora, transcrevo a nota de falecimento que achei aqui:

Um dos principais autores de ficção científica do mundo, Ray Bradbury, faleceu nesta quarta-feira em Los Angeles aos 91 anos . A família confirmou a morte, mas não informou a causa do falecimento.

Dentre os trabalhos mais famosos de Bradbury, merece destaque Fahrenheit 451, narrativa sobre um futuro em que os livros são objetos proibidos, queimados em praça pública. A obra ganhou uma também famosa adaptação para o cinema pelas mãos de François Truffaut em 1967.

Foi um autor prolífico e de grande vendagem, alcançando a marca estimada de 8 mil livros vendidos. Publicou 11 romances e mais de 400 contos em vida - estes, espalhados em diversas coletâneas.


domingo, 3 de junho de 2012

Vem aí: Leituras Mitológicas


É com muita alegria que venho comunicar que finalmente farei a primeira série do blog. Desde o ano passado, quando criei o Literatura, Cinema & Cia, tive várias ideias de séries para fazer no blog. Séries que abordam e homenageiam desde a literatura mitológica, de cordel, filosófica até livros sobre a Segunda Guerra Mundial, que são minha paixão secreta.

Essa semana iniciarei a série Leituras Mitológicas que trará dicas de leitura e resenhas de livros de teoria, contos e romances mitológicos. Também quero mostrar alguns escritores que se inspiraram na mitologia para criar suas obras mais famosas.

Há algum tempo, reescrevi alguns contos da mitologia grega, deixando-os com uma linguagem mais acessível e fazendo com que as partes mais sangrentas se tornassem menos sangrentas para meus alunos da segunda e terceira série não terem pesadelos! Talvez eles também apareçam por aqui.



O primeiro livro que vou comentar será O Universo, os Deuses, os Homens de Jean-Pierre Vernant. Espero vocês na quinta!

Até mais!

Odd e os Gigantes de Gelo, Neil Gaiman



Odd e os Gigantes de Gelo (Rocco, R$ 20,00) é mais um livro do meu amado Gaiman. Nele, pude perceber que Neil tentou escrever algo mais voltado para o público infantil, sem os aspectos góticos que são facilmente percebidos em outras de suas obras, como  Coraline e O Livro do Cemitério.

Odd é um garoto sorridente que vive com a mãe e o padrasto numa vila norueguesa. Seu pai era um lenhador que morreu afogado, tentando salvar alguns pôneis que caíram na água. Depois dessa perda, o garoto pega o velho machado do pai e parte para a floresta onde acaba se acidentando e quebrando a perna.

Uma noite, resolve se mudar para a antiga cabana do pai, que fica no meio da floresta, com muita dificuldade consegue chegar lá e nesse percurso acaba conhecendo três animais que são mais do que aparentam ser, o urso, a raposa e a águia fazem com que Odd mergulhe numa aventura para salvar Asgard, a terra dos deuses nórdicos.

O livro possui 126 páginas e é gostoso de ler, como sempre não tenho o que reclamar de Gaiman, para ele só tenho elogios. Só acho que Gaiman merece uma atenção maior por parte da Rocco, a revisão, por exemplo, poderia ter sido melhor, já que no livro é visível a repetição desnecessária de pronomes e outros termos.

Senti falta das ilustrações do Dave Mckean, mas achei o trabalho de Brett Helquist magistral! A ilustração que mais gostei foi essa do Gigante de Gelo!

                                                                     
Até mais!